segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Discriminação

O fato ocorrido na semana passada, em que uma torcedora xinga um goleiro com base nas suas características físicas tem sido notícia por todo Brasil. Muitas pessoas se mostram estarrecidas. Os meios de comunicação, no entanto, se mostram em geral falhos no que concerne à nos levar a reflexão. Abordam o tema como se o ocorrido fosse um ato isolado, fruto da monstruosidade de uma jovem. 
Mas, se estivermos atentos poderemos perceber que o preconceito encontra-se enraizado em nossa sociedade de modo que esses casos, de exteriorização, são uma natural consequência. Existe um padrão hegemônico de beleza, que engloba faixa etária, traços étnicos e outras características físicas. Os que não se enquadram nesse padrão são marginalizados, discriminados, ficando quase invisíveis, e são consequentemente hostilizados. É o que ocorre com afrodescendentes, como o caso do goleiro citado, os quais salvo raríssimas exceções só aparecem na mídia como subalternos, atletas de esporte popular, corpos usados de ornamento no carnaval ou expostos por seus crimes. Como se essa fosse a ordem natural das coisas e seu único papel social em potencial. Deixando implícita uma ideia de inferioridade.
Nós, deficientes físicos, também não somos parte do padrão hegemônico. Não nos reconhecemos em revistas ou televisão, como se não fizéssemos parte da sociedade. Essa invisibilidade alimenta o preconceito e a discriminação. 
Portanto, queremos dessa forma nos por ao lado dos discriminados. E sugerimos que cada pessoa se abra, com sinceridade, para identificar e vencer seus próprios preconceitos em uma luta interna diária. Apenas desse modo, despidos de preconceitos, seremos capazes de exprimir o verdadeiro respeito.